O que está acontecendo no mundo ?

crise global

Se você está confuso sobre a vida, então está começando a compreendê-la. Se você está começando a compreendê-la, então está começando a mudá-la.

Nos últimos meses tem acontecido algo novo para mim – despertar no meio da madrugada “do nada” e sem sono. Muitas vezes levanto e vou meditar, e hoje, durante a meditação, na lua de Wesak, me veio inspiração para escrever este texto, que agora compartilho. São 3:30.

Sobre a crise global: Durante milênios vivemos em nossa casa usufruindo tudo o que ela tinha de bom. Quando algo errado acontecia, quando algo quebrava e deixava de ser útil para nós, quando não entendíamos ou não queríamos lidar com algo estranho, ruim ou desagradável, na maioria das vezes, a solução que encontramos foi jogar estas “coisas” (materiais, mentais, emocionais, energéticas, espirituais) primeiro, pra baixo do tapete, e depois, para dentro do porão.

E assim foi por muito tempo. O porão foi o destino de uma infinidade de coisas, mas a partir de um determinado momento, começamos a perceber um desagradável odor que vinha do subsolo, mais exatamente, do porão. A princípio negamos, fingimos que não existia problema algum — logo passa, pensamos. Como não passou, tentamos contornar e camuflar o mau cheiro com perfumes, incensos e flores, mas a eficácia foi limitada. Então pensamos em blindar o porão, cimentando suas saídas e bordas, mas o odor transbordou por frestas invisíveis e ficou cada vez mais forte, até se tornar insuportável. Sem outra opção à, fizemos o que tínhamos que fazer — abrimos o porão, acendemos a luz e encaramos o trabalho de frente.

Quando observo a situação crise global que temos vivido ultimamente, com toda a desigualdade, exclusão, injustiça, preconceito, imaturidade, violência, corrupção, depressão e loucura vindo à tona do cotidiano, não consigo deixar de comparar com o mau cheiro que vem do porão. É, parece que chegou a hora de enfrentarmos a nossa sombra, individual, coletiva e global. Não temos mais como postergar ou fugir. Só abrindo o porão da inconsciência e enfrentando as nossas limitações de visão e comportamento que poderemos melhorar a nossa situação.

Os cientistas constataram que desde a década de 80 o Sol tem enviado mais luz para a Terra. Talvez seja este o fato externo que está nos ajudando a ver todos os nossos problemas com mais nitidez. Mas seja qual for a causa, o que importa mesmo é que estamos encarando o nosso porão como nunca fizemos antes. Por isso, sou fã da nossa humanidade. É sério, reconheço os problemas e a inconsciência, mas também reconheço q este trabalho nunca foi feito antes nesta escala e com esta intensidade. Isso é inédito em nosso planeta. Nunca mergulhamos tão profundamente em nossa sombra, nunca olhamos tão corajosamente para nós mesmos como estamos fazendo agora coletivamente , e nunca nos mobilizamos com tanto empenho para melhorar o nosso mundo, encontrar soluções para crise global, curar feridas abertas, reciclar o lixo consciencial e reorganizar as coisas. Isso é inegável.

Mas é verdade também que o trabalho é colossal, complexo, cansativo e provavelmente vai durar décadas. O stress, a desorientação, a depressão e o desconforto coletivo atual é um sintoma evidente disso. Temos ainda muito a compreender, muito a transformar e muito a curar do nosso passado ancestral. Mas esta cura está em curso, a transmutação está sendo processada em todos os níveis e numa velocidade sem precedentes. Estamos remexendo no porão, jogando fora velhos conceitos, velhas ideias, crenças, padrões. Estamos resgatando forcas abandonadas, redescobrindo qualidades esquecidas, limpando, desinfetando, desintoxicando e expurgando radicalmente tudo aquilo que não nos serve mais, tudo o que ficou obsoleto, tudo o que não faz mais sentido. A sombra, apesar de desconfortável, é uma fonte preciosa de sabedoria, e é ela quem vai nos ajudar a encontrar o caminho. Não há evolução possível sem aceitarmos a nossa sombra.

Felizmente, existe hoje uma verdadeira avalanche de pessoas, organizações, coletivos, movimentos, empreendimentos, iniciativas e startups bem intencionadas e que trabalham a favor da conscientização, da harmonização, da cura e da evolução individual e coletiva do planeta. A essas pessoas, quero dedicar minha eterna gratidão. Acho que precisamos temperar o nosso espírito crítico, que nunca esteve tão alerta e ativo, com gratidão e reconhecimento. Enquanto vivendo em crise pessoal e crise global, excesso de autocrítica e autodepreciação não ajudam na cura. Autoconsciência sim, generosidade sempre. Acredito e escolho a evolução pelo amor, não pela dor, e esta pode ser uma escolha de todos nós.

Enfim, estamos diante de um processo irreversível e agora só nos resta aprender a lidar com ele. Não tem volta, o tsunami está aí, por isso é melhor aprendermos a surfar logo, e bem, para podermos curtir a jornada.

www.holoplex.org

Fábio Novo

15/5/15


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